Fundador

O padre Júlio Maria nasceu  Júlio Emílio Alberto De Lombaerde.  No Brasil passou a chamar-se: Pe. Júlio Maria De Lombaerde - MSF.  Por causa de sua grande devoção terna e filial à Nossa Senhora,  acrescentou “Maria” ao seu nome e suprimiu “Emílio Alberto”. 
Seus pais foram José De Lombaerde e Sidônia Rosália Steelandt De Lombaerde, gente de “fé camponesa”. Pareciam ter a Lei do Senhor gravada no coração. A família De Lombaerde, era, realmente, uma verdadeira Igreja doméstica, pois tudo repousava sobre os valores da vida cristã. Souberam incutir nos filhos as virtudes morais e cristãs.
 

"Seja Maria o caminho que nos conduz a Jesus."
Servo de Deus, Pe. Júlio Maria.

 O casal teve nove filhos varões. Sobreviveram apenas os dois: Júlio Emílio e Aquiles João, que se tornaram padres missionários. Os outros tiveram vida meteórica.

 Beveren-Leie, região de Waregem – Bélgica, foi a terra natal de Júlio Emílio, onde nasceu aos 07 de janeiro de 1878, foi batizado e registrado no cartório civil, no dia 08.01.1878. Aos oito anos, a família mudou-se para Tenheede, bairro de Waregem, onde Júlio Emílio viveu até quase à idade de 17 anos. Em 1889, na igreja paroquial de Waregem, fez a 1ª comunhão e recebeu o Sacramento da Crisma.

 Júlio Emílio viveu em uma época e meio, em que era grande o entusiasmo pelas missões estrangeiras. Não tinha ainda 17 anos completos, quando o desejo de ser missionário lhe irrompeu dentro do coração, conquanto não muito delineado. Inicialmente, não pensava em abraçar o Sacerdócio. Aspirava apenas a consagrar a vida à salvação das almas dos infiéis.

Estudava ele no Colégio São José, de Torhout, quando ouviu o tocante sermão de um velho Bispo da África. O Prelado falou sobre a situação de extrema pobreza e ignorância religiosa dos negros da África, dignos de comiseração, e que vinha pedir uma esmola para minorar os seus sofrimentos e para o trabalho de evangelização deles. Sua pregação foi tão comovente que sensibilizou a todos.

 Júlio Emílio, tocado ainda mais pela graça de Deus, não resistiu mais. Viu que a melhor esmola, que poderia dar, seria sua própria vida. Desde aquele dia, o seu ideal missionário se definiu em seu espírito.
 

“Desde o meu tempo de sacerdócio não me satisfiz em ser devoto de maria Santíssima. Eu quis ser dela um amante apaixonado!”
Servo de Deus Pe. Júlio Maria

 Terminado o ano escolar (1894), voltou para junto da família, com a firme resolução de entregar-se inteiramente a Deus, se tornando missionário em terras africanas. E em dezembro daquele ano, seguiu para a Casa de Missões “São Carlos”, dos Padres Brancos (Missionários de N. Sra. da África), em Boxtel – Holanda, a fim de um melhor discernimento vocacional e preparar-se para o Noviciado.

Em outubro de 1895, partiu para Maison Carrée/Argel, Capital da Algéria, onde estava a Casa Central de Formação dos Padres Brancos. Entrando para o Noviciado, como Irmão leigo missionário, recebeu o nome de Ir. Optado Maria. Concluído o Noviciado, foi enviado para várias frentes missionárias da Congregação. Trabalhou com muito entusiasmo, como missionário, seis anos no Continente africano.

Porém, acometido de repetidas febres malignas e não obtendo cura, foi-lhe nascendo no coração um outro projeto vocacional. Foi sentindo que, como padre poderia fazer muito mais pelo povo. Mas antes de qualquer decisão, pensou em fazer um voto à N. Senhora. Se ela o curasse, seria esta a vontade explícita de Deus. Uma vez curado miraculosamente, com permissão de seus Superiores, entrou em contato com o Pe. João Batista Berthier, que tinha fundado uma congregação para as “vocações tardia” na Holanda. Em fevereiro de 1902, ingressou nessa nova Congregação.
 

“Como foi na Encarnação, Jesus Cristo deve ser na Eucaristia: alimento, luz e amor."
Servo de Deus Pe. Júlio Maria

Ordenou-se padre, aos 13.06.1908. Em 1910, foi nomeado para a fundação de um Seminário da Congregação em Wakken/Bélgica. Lá, dedicava-se também à pregação de missões.

Em setembro de 1912, foi nomeado para as missões no Brasil. Aportou em Recife-PE, em outubro daquele ano. Passou algum tempo em Natal-RN, mas o seu destino era Macapá, aonde chegou em 27 de fevereiro de 1913.

"A oração é a tendência habitual de procurar a Deus, a felicidade de viver com Deus."
Servo de Deus Pe. Júlio Maria

Em Macapá, entregou-se, de corpo e alma, às tarefas missionárias, sem jamais secundarizar a vida espiritual, por isso, em pouco tempo, transformou aquela paróquia. Foi percebendo que a missão precisava de operários para a messe. Veio-lhe então a ideia de fundar uma congregação de Irmãs. Com a aprovação do Bispo de Santarém, lançou as bases da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria – conhecidas por “Irmãs Cordimarianas” – (21 de novembro de 1916).

Em 1923, transferiu a Casa de Governo das Irmãs e o Noviciado para Icoaraci, subúrbio de Belém-PA. Uma vez liberado das atividades paroquiais, foi-lhe nascendo no coração a ideia de fundar também o ramo masculino das Irmãs Cordimarianas.
 

“Como foi na Encarnação, Jesus Cristo deve ser na Eucaristia: alimento, luz e amor."
Servo de Deus Pe. Júlio Maria

Devido a uma série de dificuldades e sem a aprovação do Arcebispo de Belém, apesar de ser até liberado pelo seu Superior Geral para dedicar-se à obra sacerdotal, o seu projeto não pôde ser realizado.

Foi nessa ocasião que Dom Carloto Fernandes da Silva Távora, Bispo de Caratinga-MG, ficou sabendo de seu projeto. Comunicou-lhe que lhe daria toda ajuda necessária se ele viesse fazer a fundação em sua Diocese.

“A porta do céu, a porta da Geração de Jesus é Maria; é impossível nele entrar sem passar por Maria.”
Servo de Deus Pe. Júlio Maria

Em 1926, foi transferido para a paróquia do Alecrim, bairro de Natal-RN, com o pedido de ali trabalhar até que a Congregação pudesse mandar mais um padre para lá. Só em 1928 é que vai ser liberado para vir para o Sudeste. Chegou a Manhumirim, a 24.03.1928.

 Aqui deu início a fundação da Congregação dos Missionários de N. Sra. do Smo. Sacramento, ou seja, dos Missionários Sacramentinos de N. Senhora, que foi erigida canonicamente, no dia 25 de março de 1929.

Dom Carloto pediu-lhe que fundasse o ramo feminino da novel Congregação. Depois de certa relutância, deliberou atender ao pedido de seu novo Bispo, e, em 24 de dezembro de 1929, nascia a nova família religiosa, também em Manhumirim.

Depois de 16 anos de uma dedicação admirável ao ministério paroquial, à estabilização das duas Congregações, por ele fundadas, e à formação de padres, religiosos e religiosas, veio a falecer em um acidente de carro na tarde de 24.12.1944.

Todos que conheceram o Pe. Júlio Maria e com ele conviveram, o têm como santo, e acham que ele deveria ser canonizado, pois era um homem inteiramente de Deus, de muita oração, de um amor acendrado à Eucaristia, à Nossa Senhora e à Igreja, uma alma contemplativa, de um admirável zelo apostólico. Tinha uma veneração especial pelo Papa e grande respeito pelos Bispos, sobretudo pelo seu Bispo, a quem tratava com muita reverência. Foi um defensor acérrimo da Igreja, principalmente através da pena. Escreveu mais de 80 livros de espiritualidade, em defesa da Igreja e de divulgação, em linguagem popular, da teologia da Igreja.

Através dele, já foram alcançadas dezenas e mais dezenas de graças e mesmo alguns milagres. Lastima-se que esses milagres não foram documentados.

Pe. Demerval Alves Botelho, SDN

Oração de Beatificação do Padre Júlio Maria

Ó Trindade Santa, vós que sois a fonte de toda santidade, nós vos louvamos por vosso servo o Pe. Júlio Maria de Lombaerde, que, assemelhando-se ao Cristo Eucarístico, cuidou do vosso rebanho com amor, zelo e doação. 
    E, deixando-se guiar pelo Espírito Santo, assim como a Virgem Maria, testemunhou a ternura missionária da Igreja. Concedei-me, ó Trindade Santa, pela intercessão do Pe. Júlio Maria, a graça que vos suplico [pedir a graça]. E, se for de vossa santa vontade, dai que Pe. Júlio Maria alcance a honra dos altares, para a vossa glória e para o bem de tantas almas.  Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
[Pai-nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai]