Congregação

Nenhuma instituição sobreviverá ao tempo sem história, sem memória. 

A história tem como referência Júlio Maria De Lombaerde, garoto que nasceu na Bélgica, numa cidade chamada Beveren. Cresceu num ambiente familiar, feliz, sadio, onde se incutia nos filhos, além das virtudes da honestidade e da sinceridade, o gosto pelo trabalho e pelos estudos. Seus pais, pessoas de bom caráter, davam testemunho dos valores cristãos

 

Era um jovem estudioso, destemido, audacioso e demonstrava em seu temperamento a madureza da pessoa equilibrada. Não tinha ainda 17 anos completos quando o desejo de ser missionário lhe irrompeu do coração. Diante do sofrimento do povo na África – gente morrendo de fome, crianças sem escolas, famílias necessitadas – cresceu em Júlio Emílio o ideal missionário. Tocado pela graça de Deus, ele não resistiu ao chamado. Ingressou no Postulado da Congregação dos Missionários Brancos.

Assim, abandonou definitivamente a família e a pátria para ser missionário na África. Foi grande o heroísmo e a ousadia de Júlio Emílio desde quando se despediu de sua mãe. Passou 6 anos na África, doando sua  vida aos pobres. Acometido de febres malignas, retornou à sua pátria.

Depois,  Júlio  Emílio   resolveu  entrar  para  um  seminário,  pois  desejava ser  padre.  A  Congregação dos Missionários  da  Sagrada  Família o aceitou. Ordenou-se sacerdote recebendo o nome de Padre Júlio Maria De Lombaerde.   Permaneceu   na   Europa,  dedicado principalmente ao estudo do francês e aos estudos espirituais e teológicos. Suas leituras prediletas eram sobre Nossa Senhora, a quem amava com muito ardor.

Era grande a sua fama de excelente orador. Atraía multidões por sua linguagem viva, clara e concreta. Dessa época, datam os excelentes livros que escreveu sobre Maria. Além de ser um escritor versátil , vibrante, era polêmico.

Ordenou-se padre, aos 13.06.1908. Em 1910, foi nomeado para a fundação de um Seminário da Congregação em Wakken/Bélgica.

Lá, dedicava-se também à pregação de missões. Em setembro de 1912, foi nomeado para as missões no Brasil. Aportou em Recife-PE, em outubro daquele ano. Passou algum tempo em Natal-RN, mas o seu destino era Macapá, aonde chegou em 27 de fevereiro de 1913. Em 1912, padre Júlio Maria foi consultado pelo seu superior para partir para o Brasil, a serviço das missões. Naquele tempo, o Brasil não era muito conhecido na Europa, e Júlio Maria nunca ouvira falar da Amazônia. Deu o sim, pois estava disposto a abandonar as missões na Europa. Foi um momento de tremenda emoção.

Assim, padre Júlio Maria partiu para o Brasil. O Navio Krefeld levantou âncora e começou a afastar-se do cais. Jamais Júlio pensou que fosse uma partida para nunca mais voltar. Devotíssimo de Maria, conversou com ela e confiou plenamente na sua proteção. Júlio Maria desembarcou em Recife e seguiu para Natal. Depois, tomou o navio que o levaria a Macapá. Desembarcou em Belém, encantado com a densa e misteriosa floresta amazônica. Chegou a Macapá no dia 27 de fevereiro de 1913. Logo de início, procurou conhecer a realidade do povo. Eram imensas as dificuldades em relação à evangelização do povo por conta do abandono das crianças, dos jovens, das famílias... Era constrangedor ver tanta infelicidade precoce em corações que desabrochavam aos sorrisos do amor. Iniciou um projeto ousado de formação cultural e espiritual com os jovens e assim foi conquistando o povo. Era considerado como uma fonte viva de novas possibilidades, pois Júlio Maria era um missionário que se gastava pelos outros.

Padre Júlio Maria fez de tudo em Macapá: foi pároco, médico, dentista, farmacêutico, professor, catequista, músico, diretor da Escola Municipal, etc. Conseguiu fundar escolas para os jovens, teatro, cinema, banda de música,   várias  associações. Cada   vez   mais   ganhava   o  coração daquela gente. Júlio Maria não admitia que as crianças e os jovens não tivessem escolas. Necessitava de irmãs para educar essas crianças e as jovens. Viajou para Belém, à procura de freiras. Ninguém podia ir... Enfim, ele teve a ideia de fundar uma congregação de religiosas que iriam ajudar na paróquia, nas missões e no cuidado com os estudos das crianças e das jovens.

Júlio Maria era corajoso! Depois de grandes empecilhos, conseguiu com o bispo do Pará, D. Amando Agostinho Bahlmann, OFM – Bispo de Santarém, fundar a Congregação, que recebeu o nome de Filhas do Coração Imaculado de Maria. A fundação aconteceu no dia 21 de novembro de 1916, dia da festa da apresentação de Nossa Senhora. Essa foi a grande fundação de Júlio Maria em Macapá.

As três primeiras candidatas receberam o hábito e os nomes de Irmã Maria de Jesus, irmã Maria de Nazareth e Irmã Maria José. Disse Júlio Maria: “Lutei, trabalhei, rezei sobretudo e um dia a pequena Macapá viu nascer em seu seio a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria – as Cordimarianas. Foi assim que surgiu a Congregação Cordimariana. O carisma da Congregação é ser Coração de Maria na compaixão e na Misericórdia. Deixar-se tocar pelo sofrimento humano. Júlio Maria, o grande missionário da Amazônia, exclamou: “Amo o Brasil e quero que ele guarde na aterra que bebeu as minhas lágrimas, as cinzas da minha carne e dos meus ossos”. Foi uma pessoa verdadeiramente encarnada no chão brasileiro.

Recebeu Macapá a primeira escola cordimariana chamada Santa Maria, assumida pelas religiosas. E novas fundações foram surgindo e se expandido. Em 1923 transferiu-se a sede da Congregação para Icoaraci –Belém - Pará. O

O progresso e a expansão da Congregação ainda tão nova começaram a despertar a atenção do Arcebispo de Belém. Júlio Maria era um sacerdote que se sobressaía por sua liderança, por suas pregações, por seu amor a Maria e à Eucaristia, por seus artigos nos jornais, pelos livros que editava. Era um carismático que atraía as pessoas. O arcebispo, juntamente com outros sacerdotes, começaram a ver com maus olhos a Congregação e seu fundador. Muitas vezes, Júlio Maria, levado por seu temperamento audacioso e por seu dinamismo e ardor, tomava certas decisões sem o parecer do arcebispo, que via neste proceder uma rebeldia à autoridade. Por fim, Júlio Maria recebeu ordens de seu Superior geral para retirar-se o mais breve possível de Belém e, consequentemente, da orientação da Congregação Cordimariana. Só Deus sabe o que sofreram Padre Júlio Maria e a Congregação.

Ele foi proibido de qualquer comunicação com as irmãs da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria. Na despedida das Irmãs, lágrimas rolaram dos olhos daquele homem tão forte. Júlio Maria obedeceu e partiu para Natal e de lá para Manhumirim (Minas Gerais) para nunca mais rever a obra que criara com tanto amor e sacrifício. Madre Maria de Jesus assumiu o governo da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria em 1926. Em 1928, Padre Júlio Maria tomou posse na Paróquia de Manhumirim (Minas Gerais) e fundou a Congregação dos Padres Sacramentinos de Nossa Senhora, e, em 1929, a Congregação das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora. Assim, Júlio Maria fundou três congregações religiosas; escreveu vários livros.

A expansão se fazia necessária! E a Nave Cordimariana foi percorrendo e aportando nos vários estados do Brasil: Amapá, Pará, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco e Maranhão. Em 31 de maio de 1949, a sede do Governo geral da Congregação das F.C.I.M. instalou-se em Caucaia-Ce a convite de Dom Antônio de Almeida Lustosa, na época, arcebispo  metropolitano de Fortaleza. São 61 anos de missão em Caucaia.

A missão Cordimariana chegou em terras russanas em 1937 com as religiosas Irmã Maria Gabriela,  Irmã Maria Raimunda, Irmã Maria Escolástica, juntamente com a Madre Maria de Jesus para fundar a UNECIM, a primeira obra cordimariana no Ceará.

Passados 85 anos, podemos afirmar que, a comunidade russana recebeu um Dom Especial, esta semente substanciosa, depositada em mãos hábeis e corações dirigidos ao Reino de Deus